Num dia de semana, Jonas, ainda pirralho, lançava o bumerangue pelos céus do parque.
Não entendia porque todas as vezes tinha de buscá-lo longe para relançá-lo, se o objetivo do artefato era voltar para as mãos do arremessador.
A insatisfação de não ver o bumerangue fazer a sua parte, fez Jonas guardá-lo no seu baú de brinquedos em meio aos outros.
Jonas cresceu. Se desenvolveu e apaixonou-se. Morava sozinho num apartamento pequeno o suficiente para cabê-lo junto com suas idéias.
Ainda se convalescia do fim do namoro de 2 anos e meio, ou quase isso (nunca sabemos exatamente o tempo do amor) quando apareceu Lígia. Uma estagiária de corpo delgado, claro e pequeno, olhos verdes e cabelo ralo e fino.
Os dois rapidamente encontraram pontos em comum. Tantos pontos evoluiram para uma ligação tão estreita que impeliu Jonas a covidá-la como hóspede por tempo indefinido em seu apartamento.
Ambos estavam felizes com o andamento de suas vidas conjugadas. Dormiam, acordavam, escovavam os dentes, trabalhavam juntos.
Um belo dia de semana depois da janta insossa preparada por Lígia, o interfone tocou.
-Seu Jonas? É a Dona Melissa, pode deixar subir?
Ouvir aquele nome de novo parecia assusutador mas a curiosidade em saber o motivo da revisita o fez descer até a portaria do prédio. Vestido com um samba-canção e uma regata branca pouco larga, o que indicava que o sono estava iminente, Jonas viu a ex aos prantos pedindo pra subir e conversarem. Ele se mostrava incrivelmente surpreso com aquele pedido porém negou-se a deixá-la subir.
Alguns meses antes Melissa havia ido embora sem nenhum diálogo, a não ser um monólogo escrito por ela mesma, num pedaço de papel rasgado da agenda do ano anterior. Agora, ela pedia pra voltar. Seu coração não deveria titubear. Mas titubeou.
No dia seguinte se encontraram no lugar marcado ainda naquela noite da portaria. Durante a conversa, Jonas não conseguia se concentrar nas desculpas vomitadas com saliva que saiam da boca de Melissa. Pensava no dia que ela se foi, pensava em Lígia e pensava naquela situação ridícula em que se encontrava. Decidiu, convictamente, que não havia volta.
As pessoas vem e vão. Vão quando não queremos e vem quando não esperamos.
Ao chegar em casa, de volta do encontro, Jonas procurou pelo bumerangue de criança. Achou. Agora, reparava naquele brinquedo com outros olhos.
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Seguidores
Quem sou eu
- Thiago.Araujo
- Sou aquilo que os outros dizem quem sou. Afinal, acreditam mais neles que em mim.
1 comentários:
:)))
Éh, assim que funciona mesmo... as coisas vão e vem. As vezes pode ser prazeroso, as vezes doloroso. É a vida.
Beijos.
Postar um comentário