terça-feira, 30 de maio de 2017

Meias verdades

No meio da bagunça do meu quarto,
acho o outro par de meia que faltava.
Azul, de bolinhas brancas minúsculas.
Sem querer tocar o pé descalço no chão frio,
pulava feito saci lá e cá, cima em baixo.
Não demorei.
Nunca entendi bem porque meu quarto,
mesmo com a melhor das intenções
se via desarrumado.
Vezes, só uma camada fina de pó.
Outras, marcas de uma barata morta há dias.
A sensação de uma limpeza era aconchegante.
E necessária de tempos em tempos.
Um quarto nunca deveria ficar bagunçado.
Mas fica.
Meus sentimentos, meu coração, meus intestinos.
Doem de aflição.
Procuro, na bagunça das minhas ideias, um pensamento bom
que falta pra completar o equilíbrio mental.
Ao contrário de uma meia perdida, nem sempre acho fácil.
Há quem saiba porque minha cabeça não se arruma.
Porque ela se bagunça.
Porque se espalha, porque se desconcerta, porque dói.
Mesmo que eu arrume várias vezes,
Que eu encontre aquele pensamento bom, perdido.
Um vento frio volta e inunda meus pulmões
me enchendo de ansiedade, de um futuro incerto,
de desejos de melhora, de morrer logo, de viver pra sempre.
Um quarto nunca deveria ficar bagunçado.

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