terça-feira, 29 de janeiro de 2013

"RICIFE"


Quem sabe outra hora a gente se encontra por aí
andando pelo centro da cidade.
Atravessando as pontes que cortam os rios e ligam as duas metades dela.

O que fez a gente se perder de vez?
Não foi o meu ciúme?
Ou meu péssimo costume?
de me banhar do perfume
repulsivo da indiferença?

O céu do centro da cidade não está mais azul
como o céu de quando a gente se conheceu.
Não reconheço mais o cinza fumaça
Se é poluição ou a chuva que se apressa.

Mas eu continuo andando alheio aos carros no centro da cidade
que já não correm como antigamente.
Muitos que são, competem com tanta gente.
Que sabe lá o que sentem, mentem.

As árvores do centro da cidade respiram menos que antes.
São menores que os prédios de azulejo que cresceram paralelos adiante.
Mas continuam sendo maiores que nós e as crianças
que nelas trepam para chupar mangas espada lá no alto.

As ruas do centro da cidade não deixam mais meus passos marcados.
São largas e compridas. Cheias de lojas e sujeira no chão.

Não me reconheço mais no centro da cidade
Eu não tenho mais identidade.
Agora faço parte de um monte de gente que tiram da cidade o seu nome: Cidadão.

Deve ter sido por isso que a gente não se encontrou mais.
É que mudaram o centro da cidade.


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