segunda-feira, 13 de junho de 2011

Hiato

O som da porta batendo atrás de vocêfoi o pior sussurro que já ouvi.
Você não foi embora por raiva mas por desgosto de uma vida conjugal corroída pelo marasmo.
Não imagina como é difícil reconhecer que nessa tua fuga, fui eu quem abriu a cela.
Entreguei a chave do portão da frente e me sentei no banco, passivamente alheio ás nossas brigas.
Teu sorriso não batia com o meu.
Os olhos se desencontravam.

No restaurante pedi a mesma mesa e uma garrafa de vinho.
Duas taças.
Pra não perder o costume, enchi ambas..
6 anos faz hoje da troca de nossas vidas.
Um encontro vocálico, separado pelos hífens do tempo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Acabou

Andava cabisbaixo evitando olhar as faces que me cercavam.
Tentando, por vezes em vão, não te reconhecer nos rostos de outras pessoas.
Outro tempo te vi no mesmo vagão que eu.E como nos outros tempos, fiquei sem ar.Que ódio! Não havia porquê ficar assim . Ou havia?

Agora ando cabisbaixo por medo.Medo de que de tanto te procurar sem achar,perceber que qualquer outro olor impregnado num pescoço delicado e alheio me faça sumir tua lembrança.
Não sei se vou suportar a ideia de perceber que sou suficientemente capaz de me apaixonar por outras pernas que não as suas.
A utopia de que você pode não fazer parte da minha vida.
Compreender que o ar que antes me faltava nos pulmões quando te via, hoje sobra no peito, reservado para se rarear ao notar outro alguém.

Decidi rasgar do dicionário todas as palavras que começam com teu nome.
Já não me lembro dele.Não sonho contigo. Nem te percebo mais.
São nas pequenas coisas que faço no meu cotidiano medíocre e solitário, onde não me recordo de você, que consigo auto-afirmar que agora sim, acabou.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Vontade de sentir o passado


Aparecestes em minha vida quando ainda era adolescente.
E fostes embora antes de me amadurecer.
Me oferecestes um pedaço de cultura e até hoje ainda é meu prato predileto.
Amo Cinema, Livro, Teatro, Exposições.
Me apresentastes pela pimeira vez a amizade verdadeira.
Acreditas que faz tempo que não a vejo?
Ela não me escreve nem sequer recados curtos.
Me deixastes depositar em teus ouvidos confidências por demais íntimas.
Me devolvestes o prazer de gargalhar de bobeiras.
Me cansastes de tanto andar pela Paulista.
Me fizestes ansiar teu telefonema.
Revelastes algo em mim que nem meus olhos ousaram saber.
Fostes minha primeira alegria ao surgir e minha primeira tristeza ao desvanecer.
Ou fui eu quem sumiu primeiro?
Foram boas as manhãs, ótimas as noites.
Corpo delgado, tronco curto, alma maior que o corpo.
Se te falta beleza, tens inteligência e simpatia de sobra.
Meu Deus...Há quanto tempo não te vejo?
Por onde andas?
Como vai teu pai, tua mãe, teus irmãos?
Sais com quem?
Namoras?
Permaneces sozinha?
Sentado no ônibus, tudo passava rápido externamente.
Vi, de repente, um rosto parecido com o teu.
Mas não eras tu.
Indício de saudade?
Prefiro supor ser a prova de que jamais esquecerei teu rosto...
...Jamais esqucerei de você. Nem de nós.

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Sou aquilo que os outros dizem quem sou. Afinal, acreditam mais neles que em mim.