domingo, 12 de dezembro de 2010

Circo da solidão


Quando dou risadas ou os faço sorrir,
é só pra não transparecer meu íntimo.
Meu bom humor é como um vidro fumê
que impede que os de fora vejam meu interior.
Meu sorriso aberto é um disfarce.
Como numa máscara,
a única coisa verdadeira são meus olhos.

É como se o sol, com todo seu calor e exuberância externos
escondesse em seu núcleo uma pedra imensa de gelo.
Como se os cientistas descobrissem que a real fonte
do seu calor natural fosse, pra surpresa de muitos, um meteóro
de gelo grandioso e concretizado bem no meio da estrela.
"O sol é falso!" - Diriam muitos.

Mas se o sol na verdade fosse assim, ele não seria falso.
Ele seria extraordinário. Mais do que já é.
Um mágico capaz de transformar tanta frieza em calor intenso.

Minhas decepções, escondo dentro de mim.
Junto com elas: minhas raivas, tristezas, angustias...
Por fora, me pinto de palhaço:
Pó branco, nariz vermelho e sapatos maiores que meus passos.
No circo da minha vida, a platéia ri.
Sem notar que sou tão triste quanto eles.

1 comentários:

Eyka disse...

As suas palavras comportam o peso do mundo e a leveza do seu ser. São maravilhosas.

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Sou aquilo que os outros dizem quem sou. Afinal, acreditam mais neles que em mim.