quinta-feira, 7 de março de 2013

Breve Outono

O mês de abril chegou sorrateiro como o sono.
O tempo aberto, o clima ameno, o céu azul. Não estava quente, nem frio.
A luz do sol refletia na calçada de mármore da sacada.
E as folhas das palmeiras formavam uma sombra engraçada: Um monte de dedos delgados se entrelaçando.
O cachorro fazia a sesta da tarde. Com os olhos fechados, a boca, encostada no chão de terra, inflava e desinflava, emitindo leves gritinhos, como se sonhasse com algo. Bicho sonha? Devia.
O sonho nada mais é do que uma realidade desejada.
Foi nessa estação transitória que eu me encontrava.
Sentado no canto da varanda numa cadeira de balanço,
tinha visão do quintal todo.
Tinha a sensação do vasto limitado.
Limitado pelos muros e pela minha visão.
Foram nestas condições que ponderei sobre minha realidade:
Eu, sozinho. Você, não.
Eu sempre estive do seu lado e você do lado de outro.
Sempre existiam duas pessoas do seu lado.
Eu sempre era uma delas.
O outro sempre mudava.
Sempre quis te dizer que te amava. Sempre.
Mas não dava porque você sempre estava acompanhada.
Eu sempre esperava a próxima estação.
Talvez com os novos tempos chegando, Imaginava que isso trouxesse uma brisa de renovação e coragem.
Os tempos passaram e o vento mudou nosso amor de direção.
Eu não falei de mim pra você.
E você não me deu tempo pra dizer que te amo.

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Sou aquilo que os outros dizem quem sou. Afinal, acreditam mais neles que em mim.