segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Poeira


A quantidade de poeira que cobre como um tapete cinzento os móveis do meu quarto são sintomas do desinteresse pelas coisas que acontecem á minha margem.
As decepções sofridas em vários campos da minha vida talvez me tenham feito ficar inerte e insensível aos problemas alheios.
O egoísmo, se não chegou no seu limite tolerável, vai daqui a alguns dias transbodar, como o gás do refrigerante que cresce dentro do copo até manchar a toalha de mesa.
A toalha da minha mesa.
Amizade, família, trabalho, vizinhos, colegas, cúmplices, amores, inimigos, amantes, empregados e todas as outras coitadas criaturas que estão próximas a mim e não se encaixam nas categorias do meu vocabulário pobre e mesquinho.
Todos saem manchados do meu egoísmo em excesso.
Ah... Pudera alguém perceber e vivenciar meus problemas.
Entendê-los.
Esta é a desculpa esfarrapada de todos os egoístas incompreendidos, todos os problemáticos incompreendidos, todos os neuróticos incompreendidos, todos os depressivos incompreendidos.
A deselegância do próximo não é a ignorância do diagnóstico.
É a ignorância da compreensão.
É ouvir um enfermo e achar que o que ele sente é frescura.
Peço o perdão de todos pela intolerância que cultivei desde moço.
Não soube colocar nela cabresto.
Cresceu e assoberbou-se, enraizando no meu ser a falta de empatia.
Perdoem-me.
Quem sabe um dia se recordem de alguma virtude minha.
Quando este dia chegar, acreditem, farão anos que já não existo.

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Sou aquilo que os outros dizem quem sou. Afinal, acreditam mais neles que em mim.